segunda-feira, 1 de abril de 2013

Unforgettable Hands – Faça o que Digo, Não Faça o que Eu Faço.

Fabiano (Full House K e Q X Márcio (Flush High A Espadas)


Mano e eu, trocamos muitas ideias, sobre os mais variados assuntos, e ultimamente poker, tem sido um dos preferidos, outro dia, falava com ele sobre meu gosto pelo flush, de como costumo agir quando possuo duas cartas do mesmo naipe e ele aconselhava: “cara, esquece os naipes, você tem que avaliar os valores das cartas, se forem baixas mesmo sendo do mesmo naipe, corra”, opiniões são particulares e eu costumo respeitar todas, mesmo que não concorde.
O Impacto da Jogada Foi Tamanho que Até a Foto Ficou Tremida
Vamos para uma mão onde saio com K e Q, e penso “vamos ganhar algumas fichinhas”, tudo que se quer quando se tem uma “monster hand”, é que o flop não bote tudo a perder e neste caso ele trouxe-nos A(E)/ Q(P) e 3(E), não fora o flop dos sonhos, o As ameaçava meu par de Q, mas como eu tinha um K em mãos, abria-se a possibilidade de uma sequencia alta, eu tinha convicção de que tinha uma grande mão, convicção esta que ficou ainda mais evidente quando somente eu e Mano permanecíamos na mesa para a virada do turn.

O turn K(P) “como uma benção” fez com aquele par de Q, ganhasse a companhia de um par de K, dois pares altos, aumento das apostas, Mano paga, eu faço as avalições de costume e penso, “somente algo muito improvável fará eu perder essa mão”, quem joga com o Mano conhece seu estilo, dificilmente aposta quando tem uma mão especulativa, imaginava que com ele estariam um par já feito (provavelmente de Ases), e a esperança que o river lhe sorri-se com algo que melhorasse seu jogo.

Um pote realmente bem satisfatório nos esperava e vamos para o River, que traz mais o K(E), agora meus dois pares eram um full house, e dada abertura de todas as cartas comunitárias, não haveria nenhuma possibilidade de eu perder aquela mão, eu forço um All In, que para minha surpresa ele paga, Está achando que é blefe? Eu penso de novo nas possibilidades e tenho certeza de que não perderia aquela mão, vamos para o showdown, e já vou dizendo, tenho um “full house, K e Q”, nisso ouço algo do tipo “cara**” ou coisa que valha, e vejo o semblante do Mano, a decepção estampada em cada ruga de seu envelhecido rosto, era o fim da linha para ele no torneio, a sequência da tão temida maldição do anfitrião, e mais um fim de semana zerado, algo inédito na história do SAP (dois torneios zerados consecutivamente), mas afinal o que havia dado nele? Porque ir tão longe? O que diabos ele tinha na mão?

Ele joga um 6(E) e um 9(E) de espadas, havia fechado um flush no river, e vinha esperançoso para se recuperar no certame, defronta-se com um full house rapa monte, uma frustação, os full houses tem uma história consolidada no SAP, de fortuna, fama e conquista, tem aparecido normalmente quando o adversário tem algo muito bom (eu mesmo sei disso, quando fracassei com o flush, quase royal na semana anterior), mas ainda permanecem perguntas que não se calam, Porque ele foi com 6 e 9? Será que tudo aquilo que ele dizia sobre flush era da boca pra fora? E seu estilo, “só jogo com grandes mãos”, onde havia parado? Ele mudara seu pensamento somente naquela mão, e após tamanha ré de avião, viu que realmente o que sempre teve como convicção era o correto? Muitas são as perguntas, poucas as respostas, o que sabemos é aquele 6 e 9, ecoarão para sempre nos seus pensamentos mais sombrios, carregará consigo como uma ferida que jamais cicatrizará, o dia em que ele deixou de lado suas convicções e foi apunhalado dentro de sua casa, pelo seu irmão e um full house rapa monte, o poker somente ele seria capaz de tal feito (ele e as novelas da globo), por isso o adoramos tanto (as novelas, nem tanto).

Fabiano David

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