Faremos o
texto e análise dessa mão pela visão de nosso amigo Cléber “Big Ear”, o
anfitrião do dia, que após esse showdown pós ríver, acabou tendo que recorrer
ao empréstimo de fichas do SapBank.
Recebemos
então um AJ off, estamos no hijack e a mesa roda fold, até que chega a nossa
vez de agirmos, entramos com raise padrão 3 bigs, e recebemos insta call de
Carbonera que está ao nosso lado no cut-off, o restante da mesa segue em fold,
e então encaminha-se um flop que jogaremos heads-up, estamos short stack e o
vilão totalmente deep, gigante, chip leader da mesa, em resumo, um erro, e
estaremos no banco ao fim da mão.
Primeira
coisa é tentarmos colocar o vilão em um range de mãos que ele nos daria call,
conhecemos nosso adversário e sabemos que ele adora um 3-bet pré flop, então
praticamente descartaremos do range dele todas as mãos do grupo 1 porque com
certeza, com essas ele faria um 3bet , então, em tese ele não tem (AA/ KK/ QQ/
JJ/ AK e AQ), outra coisa que deixaremos claro é que, mesmo que no showdown pós
ríver entreguemos todas as nossas fichas à ele, morreremos convictos e não
voltaremos atrás nas nossas análises, então, ele não terá essas mãos para nos
apresentar nos showdown, mesmo que tenha. Penso que ele daria call neste caso
com (qualquer par de 10 a 2, todos os Ases, duas figuras tanto off como suíted
e os conectores naipados inclusives os baixos como 32).
O flop nos
traz J/10/2 com duas folhas de ouros, é um flop bom para nós, mas bem
traiçoeiro, temos top par com top kicker, mas, abriu-se draws tanto para
sequência como para flush, somos agressores pré flop e nesta situação temos
quase que obrigatoriamente encaminhar uma c-bet, é o que fazemos, raise de meio
pote, e o vilão novamente insta call.
Bem, para
dar call neste board, já restringiremos mais o range do menino Carbono, acho
que ele largaria os pares de 77 a 33, largaria todos os Ases off, excessão a
AJ/ A10 e A2, largaria conectores que ficaram perdidos esperando duas folhas
como 56/45, então agora temos uma nova preocupação, pois neste call, ele já
pode estar nos ganhando, ou com um draw muito forte, este call, certamente já
nos acende uma luz amarela de alerta, e o turn requer atenção redobrada.
O turn nos
ferra de vez, quando traz o 9 de copas, agora a situação é delicadíssima, pois
do range de mãos que demos a Carbonoboy, 5 mãos já nos tem dizimados (KQ/ 78/
1010/ 99/ 22), estamos ganhando nesta situação de 88, KJ, K10, QJ e dos Ases, e
estaremos empatados com AJ, em suma, das mãos possíveis de nosso adversário, as
que estamos na frente, é possível que seremos batidos se o ríver trouxer Q/ 10/
8/ 7/ 2 ou qualquer folha de ouros, ou seja, tudo encaminha-se para um fim
trágico.
Assim pós
turn, penso que deveríamos vir com check para controlar o pote, e abdicar desta
mão caso o vilão nos devolva raise, ou até podemos cogitar a hipótese de dar
call num pequeno raise do adversário, pois podemos estar vencendo ainda,
principalmente se ele estiver num flush draw. Aqui cabe um adendo, existem duas
cartas que em tese melhoram nossa mão no ríver, o As e o J, porém se já
estivermos batido no turn, estaremos da mesma forma no ríver mesmo que nossa
mão melhore, ou seja, se Carbonoboy tiver uma das 5 mãos que nos derrotam no
turn, o pior que nos pode acontecer é aparecer um As ou J no ríver, que roubada nos metemos.
O problema é
que fizemos essa análise com tempo, com calma, calculando todas as
possibilidades, e nosso amigo Cléber, infelizmente não teve esse tempo para
refletir sobre todos esses aspectos, o pior que ao invés de check no turn, ele
larga um second barrel de meio pote na cabeça de Carbonoboy, que novamente dá
call, e agora meus amigos estamos praticamente entregues a sorte e totalmente
comprometido com o pote, rezando para já não estarmos batidos, faz-se
necessário lembrar que uma mão anterior a essa, Cléber havia feito um dos folds
mais lindos e acertados da história do SAP quando larga seu (1010), Full House
de (9 10), vencido pelo Full House de Kassiano (9 As), ou seja, largar uma boa
mão não é algo tão difícil assim para nosso anfitrião do dia.
O ríver traz
um J de espadas, nos dando a trinca e agora esquece sócio, trincado de valete
não tem machado que faça a gente largar esse negócio, tudo no pano All In,
insta call de Carbonera, no suposto range que demos ao vilão, apenas torcemos
muito para que ele não tenha nenhuma das mãos que nos vence, showdown senhores.
Trinca de
valetes, Ás de kicker, e tudo vinha muito bem até Carbonera mostrar seu (10 10),
full house de (10 J), e todas as nossas fichas na stack do vilão, mais triste
que bala de troco, e o ríver FDP faz uma pegadinha do malandro dessas.
Por essas e
outras que dizem que o Poker é um jogo que leva-se minutos para aprender e uma
vida para dominar, muitas são as possibilidades, tanto para vencermos, como
para sermos vencidos, pela segunda semana seguida Carbonera faz fortuna em cima
de um adversário trincado e vence o torneio SAP, o menino está jogando fino de
forma agressiva e conseguindo ganhar potes pequenos roubando blinds e potes
grandes quando encaixa um monstro.
SAP 30 de
muitas mãos interessantes, gostaria de registrar em paralelo os 4 embates
ferozes que tive com Mano. Derrotar Mano numa mão é sempre um prazer adicional,
e sei que quando acontece o contrário a recíproca é verdadeira, nos 4 embates o
placar ficou em 2 x 2.
Embate 1 –
Logo na segunda mão do jogo recebo AQ de
paus, fecho nuts flush no flop, Mano consegue trincar um 10 de ríver, e eu fico
com boa parte de sua stack, a cara que ele fez ao ver o flush é algo que vale
mais que as fichas que arrecadei na mão.
Embate 2 –
Recebo AK off no Big Blind, Daniel abre raise do UTG+1, call de Carbonera e
Mano, resolvo dar um Squezze All In, fold dos dois primeiros, mas Mano opta por
call com seu 98 off. O board me traz o As, mas junto um 10,7 e J no ríver,
sequencia para Mano que dobra sua stack.
Embate 3 –
Uma mão quase idêntica à segunda, recebo AK dessa vez naipado de espadas, no
Big Blind, um raise e dois calls, dessa vez mudo a jogada optando por call
apenas, o flop vem com duas de espadas e eu fico nuts flush draw, disparo um
donk bet de meio pote, dois folds, mas Mano faz um reraise All In. Dou Call,
Mano tem J9 off, top par com 9, tenho então 15 outs para vence-lo, mas nenhuma
das folhas que me ajudavam aparecem no turn/ ríver, Mano dobra novamente.
Embate 4 –
Abro raise padrão com meu A9 naipado de ouros do UTG, a mesa roda fold quando
Mano encaminha All In do Small Blind. Call, Mano tem A8 off, o board vem com
As/ 10/ 10/ 6 e 5, e mando Mano para o Banco pela primeira vez, sua segunda
visita aos credores, seria numa mão com Tio Lu (K2) que no flop vencia com par
de 2, Mano (AQ) assume a ponta com par de Q no turn, mas um segundo 2 aparece
no ríver para concluir uma tarde não muito afortunada do nosso nobre Decano.
Vida que
segue, e o baralho continua castigando.
Um abraço e
até a próxima.
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