Unforgettable Hands - O Jogo Só Acaba Quando Termina - Parte II

Dan (Full House J8)  X Fabiano (Full House J3)

Essa mão perdida para Dan, posso resumir em uma única frase: ríver filho da p***, p**** do Ca***, Vá Se f****, vea**!!!!

Líder absoluto, quando logo na segunda mão do dia capturei 5 das 6 fichas de 1000 que Mano possuía em sua stack, e na sequência mais 2 de Coffe “totality crazy” Jar, jogava somente as mãos realmente interessantes, ou nas posições favoráveis, com o fold de Cléber que estava no UTG, resolvi encarar um (J5), do cut-off, entrando com o raise  (2 big´s), fiz Mano no botão foldar (o que era o meu primeiro objetivo, teria assim a melhor posição pós flop), Nany na small e Dan na Big optaram por call, encaminhávamos então para a virada do flop.

(J/J/3), para mim uma benção, fechando uma trinca de cara imaginava qual seria a melhor estratégia para arrecadar o máximo de fichas possíveis, porém, estranhamente (ou por causa do vinho) Nany na ação optou por fold (mesmo tendo check gratuito), mas Dan não pestanejou em fazer um raise de meio pote (aquela altura significava 600 fichas), aqui passaram três possibilidades na minha mente:

1.  Dan achara algo naquelas três cartas. 
2.  Optara por proteger um over pair (AA, KK, QQ) 
3.  Blefava descaradamente.

Pensei que chamando um re-raise, certamente ele largaria a mão caso estivesse apenas blefando, porém, quando Dan optara por call, descartei a terceira possibilidade, certamente não era blefe, a mão dele tinha potencial pós flop.

No turn (3), as coisas ficaram quentes, eu fechava um full house e tinha posição, Dan sabia que eu não hesitaria qualquer sinal de fraqueza de sua parte, encaminhou então um raise do tamanho do pote (3600 fichas), me deixando pensar por um bom tempo, neste momento eu realmente estava confuso, pois já imaginara que o que podia ser um (AA, KK, QQ) era um (33), mas foldar o full house era algo que eu não cogitara, o que fazer? Call e ver o ríver? Fold largando o full house e uma cara***** de fichas pelo caminho, ou encaminhar um re-raise e fazer Dan pensar em tudo que eu já estava pensando? Pergunto caro leitor, o que você faria nesta situação???

Bem, não sei o que vocês fariam, eu encaminhei um “all in”, sendo o líder do torneio naquele momento acredito que era um re-raise para aproximadamente 5000 fichas, o que Dan ainda devia ter em sua stack, talvez menos, eu sabia que certamente, viria algo que não queria da mão de Dan, a ameaça dum (33) era eminente, me levantei, Dan também ao chamar por call, e fomos então para o showdown pré ríver.

Ufa... que alívio, rimos muito quando Dan mostrou seu (J8) e eu meu (J5), empatamos a mão, Coffe Jar (que após um triplo bankrupt havia sido promovido para gerente geral da mesa, coordenando os salgadinhos, bebidas e cantando as ações) tratou logo de ir dividindo as fichas, outro empate (tivemos vários ao longo de toda a tarde), eu já me encaminhava para o banheiro para aliviar um pouco a adrenalina (acho que é um nome mais bonito que urina), eis que quando lembrados por Mano (dealer) ainda tínhamos o ríver para virar, falo então “mas não vai mudar nada, a não ser que vire um 5 ou um 8, mas ai isso aqui vai ficar parecendo as armações do pokerstars”, vira duma vez essa m**** então!!!

Daniel (FullHouse J8) X Fabiano (FullHouse J3)

No mesmo momento em que o ríver caíra à mesa, meu bom humor saía porta a fora, a vontade de mi***, quero dizer, de descarregar a adrenalina também, num dos momentos mais cruéis de toda a história do SAP e do mundo, um dos três (8), restantes do baralho resolvera aparecer, dando a vitória daquela mão e praticamente do torneio a Dan, facilitando a vida de Coffe que não mais precisara separar as fichas, pois elas seriam todas de um único jogador, Porque? Porque comigo? Mas era um jogo amistoso, não valia pontos pro torneio! Não importa, ninguém quer perder quando senta na mesa pra jogar poker, ninguém quer perder quando sabe que está liderando desde a segunda rodada e somente algo muito desastroso o fará ser derrotado, pois, algo muito desastroso acabava de acontecer.

São 52 as cartas do baralho, 4 delas são oito, uma estava na mão de Dan, o que faz com que a razão de aparecer um oito no ríver seja de 3/52, o que percentualmente dá 5,77% (a grosso modo é isso, existe uma outra maneira de fazer essa conta que leva em consideração as cartas que já apareceram, o que faria com que o percentual de virar um dos oitos aumentasse, porém assim o drama fica maior, e o texto mais interessante), quis os Deuses do poker que esse 5,77% levasse minhas fichas e minha vitória pra Dan, que tenho que reconhecer, jogou muito bem ao longo de toda à tarde e mereceu vencer o certame.

Após isso tive uma batalha comigo mesmo para não entrar em tilt, é difícil digerir algo assim, com muita sorte e alguns blefes descarados, ainda me recuperei para não sair totalmente por baixo terminando o certame em terceiro (e ainda tenho que ler que não joguei nada né seu Nário Aurélio do Cacete), ah, mais há quem questione meu “all in” pré flop com (84 de ouros) que achou um call de Mano com (AJ também de ouros) – será que era tilt??? – E as comunitárias trouxeram 8,9, 10, J e Q, empatando a mão que me eliminaria, sim é verdade, mas às vezes a sorte te dá algumas fichas, pena que não com a mesma proporção que lhe tira.

Nany (Sequencia 9 a K) X
Márcio (Sei la o que pensou com esse 5 2)

Estes fatos me fizeram pensar que talvez, as armações do poker online, não sejam tão armadas assim, coisas inusitadas acontecem neste jogo como por exemplo, alguém chegar no showdown com (52 de paus), após um flop com K/ Q/ 10, levar uma fumada de um straight de (K a 9), e dizer de forma envergonhada (Eu achei que iria ganhar no desempate! Ganhar um desempate com 5 de kicker??? Que beleza!!!), acontece acreditem.

Um (AA) pode perfeitamente perder para um (72), embora não seja a lógica, pode acontecer e certamente vai, torça apenas para que não aconteça contigo, já falei isso outro dia e acho que ainda não aprendi esta lição, no poker, nunca, jamais, em hipótese alguma, conte vitória antes do tempo, muito menos quando no melhor estilo Celso Roth, você achava que um empate já era uma vitória.

Um abraço e até a próxima!

Fabiano David