domingo, 19 de maio de 2013

Unforgettable Hands - O Jogo Só Acaba Quando Termina

Fabiano (Sequência 4 a 8)  X Carbonera (Pares A e 7)


Certamente sem estar numa posição blind, jamais jogaria um (46), até porque convenhamos, esta mão não merece nem ser chamada especulativa, por sua vez, no Button, Carbonera mostrava ter uma mão forte ao dar call (jogávamos com nível de blinds relativamente alto a esta altura do torneio), ás vezes a sorte nos sorri fazendo com que o risco corrido valia a pena.

Para mim, não havia nada mais perfeito que um flop trazendo (5/7/8), até porque Carbonera teria posição pós flop, fechar a sequência de cara e não correr risco no turn/ river era o cenário ideal, porém (não sei se acertadamente), optei por check, no intuito de não demonstrar a força de minha mão, Carbonera por sua vez, fechara um par (7), optou também por check, e assim caminhávamos para o turn com ambos imaginando que o adversário não teria alcançado nada naquele flop.
O turn trazendo um As, mudou o cenário da disputa, optei novamente por check, porém aqui, 


Reconstituição Fotográfica do SAP Lab Photo Pictures Inc.
Carbonera fizera um raise razoavelmente grande (3000), dando a entender que no As ele teria fechado algo, porém sem a possibilidade de flush, não haveria como Carbonera (tendo um As em mãos) ter um jogo melhor que o meu naquela ocasião, optei sem pestanejar por re-raise (3000+3000), que fora prontamente atendido com call, parte da minha estratégia dava certo, uma mão forte e um pote cheio, agora era torcer para que o ríver, não trouxesse uma carta repetida das comunitárias, eliminado a chance de um possível full house.

Como nem tudo (ou quase nada) são flores no mundo do poker (e dos SAP´s então!), o ríver presenteou-nos com (6), o que de certa forma acabou me intimidando, acabaria sabendo mais tarde e de uma forma um tanto quanto constrangedora, que neste ríver, na intimidação que sentira, e na atitude de hesitar raise não aumentando as fichas do pote, selava minha sorte no desfecho do SAP 15, certamente, com dois pares (A e 7), Carbonera teria dado call, não abriria mão do showdown, obviamente não havia como saber, mas ali 366 fichas mais que conseguisse lucrar teriam feito a diferença, meu temor de que Carbonera carregasse consigo (A9) – (o que lhe dariam uma sequência maior), vencera minha pretensão de conseguir um pote ainda melhor, aquele (6) no ríver definitivamente f**** com tudo.

No showdown, apresentei apenas o (4), afinal já havia o (6) na comunitária, Carbonera com 2 pares (sendo um deles em As) num primeiro momento, não entendera como havia perdido, ali mentalmente eu saia muito forte (houve três embates anteriores entre Carbonera e eu, onde ele vencera todos), a vitória estava encaminhada, carregava comigo a certeza da conquista do SAP 15, duas pilhas altas de fichas de 1000 e mais umas  4 ou 5 misturadas com as menores.
Quando do encerramento, pedi para que fizessem um registro fotográfico meu com minhas fichas, meu protetor, meus óculos e minha marra habitual, no torneio passado conseguira o titulo e não dei-me conta de que não havia tirado uma fotinho sequer, desta vez gostaria de eternizar este momento, porém, já dizia o poeta, “o jogo só acaba quando termina”.
Após as fotos, começamos efetivamente a contagem (normalmente costumo a tomar frente das anotações, ouvindo todos os valores), ouço Carbonera dizer: “27345”! Logo, com 6280 de Kassiano, somados aos 3510 de Dan, fiz uma conta rápida na minha mente que não fechava, num mundo de 63750 fichas, dei-me conta de que:
O Vencedor Antes da Contagem!!!

  1. Não teria mais fichas do que Carbonera
  2. Não havia vencido o torneio
  3. Havia pago o maior mico da historia do SAP pedindo para ser fotografado sem ter ganho.
Conto minhas fichas querendo acreditar que como de costume (em 93,78% dos SAP´s as contas não fecharam), haveria de ter um erro matemático, mas desta vez, como se o destino me fizesse encontrar um draw adversário, num ríver, sem escrúpulos nem piedade, as contas fecharam logo na primeira somatória, não havia erro, eu poderia ver a cara da matemática rindo de mim, gargalhadas, daquelas de chorar, de mijar nas calças, creio que fechar aquelas contas, e ver a frustração estampada na minha face, tenha sido a única alegria que Mano teve naquela tarde de sábado (sabemos todos como um irmão adora sacanear o outro), ele sabia que certamente eu o sacanearia muito pela atuação deprimente que havia tido , mas fato é que mesmo conseguindo praticamente triplicar minha stack, vencer uma unforgetabble hand, sair liderando o ranking TKP, seria eu o sacaneado do dia, verdade seja dita, Carbonera jogou muito ao longo de toda tarde e de forma merecida venceu o torneio.
A vida segue e a lição fica: Nunca conte vitória antes do tempo, pois mesmo depois do baralho guardado e do torneio encerrado, você poderá encontrar um ríver safado na contagem que o fará voltar triste e desconsolado para casa.

Fabiano David

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