segunda-feira, 7 de abril de 2014

Unforgettables Hands - Porque Estudar Outs e Odds é Importante!

Fabiano (Sequência 7 a 3) X (Carbonera e Cléber Sequência de 5 a As) e Mano (Ar puro)

Dae galera, beleza? Depois de muito tempo resolvi voltar a escrever uma UH, esta é a primeira do ano e já estamos em Abril.

Quando surgiu a coluna a idéia era contar à mão que mais chamou atenção no torneio SAP do fim de semana e dar uma zoada com os jogadores, no início nenhum de nós sabia exatamente o que estávamos fazendo (uns continuam assim até hoje), então a coluna era mais piada mesmo, depois, conforme fomos estudando e aprimorando o jogo, a coluna acabou se tornando uma análise técnica das jogadas onde procurávamos entender o raciocínio de cada jogador, apontando erros e acertos, e talvez isso tenha deixado a coluna um tanto quanto chata, por isso acabei parando de escrever semanalmente, afinal, o nosso jogo (SAP) é recreativo, quem sou eu para julgar se o que os caras estão fazendo é certo ou errado, e se for errado que se dane, afinal estamos aqui para nos divertir, se fossemos profissionais do jogo, certamente não trabalharíamos nos CAVs, Concessionárias ou servindo o Exército Brasileiro, mas esta mão de sábado (Evento 48), realmente teve muitos pontos técnicos que cabem reflexão, e por isso voltei aqui para discutirmos essas questões.

Os blinds estavam 600/1200, quando Carbonera do UTG limpa deixando 25k na stack, Luciano ao seu lado folda, a ação chega até Mano, que assim como Cléber em seguida optam por call, ambos com stacks próximas a 30k, na sequência Adriel então chip leader da mesa faz um estranho raise pra 2BBs (2400), e aqui já cabe a primeira análise da mão.

Independente do que tenha Adriel, não faz muito sentido este raise para 2BBs, porque:
Com os monstros AA/ KK/ QQ/ AK, ele precisa em tese se isolar com um ou no máximo dois jogadores para que consiga fazer prevalecer o valor da sua mão, coisa que com este raise, certamente ele não vai conseguir, todos os limpers iniciais darão call, além de certamente levar junto consigo para o flop os jogadores dos blinds, que estarão apetitosos com o “desconto” que terão para jogar um mega pote, e nesta situação, jogar um AA contra outros cinco, seis jogadores certamente não vai ser a coisa mais lucrativa do mundo.

Por outro lado, se ele tem uma mão especulativa que precisa das comunitárias pra construir algo, como (QJ, 87, 56) seria mais interessante apenas dar call no limp, acertando o flop segue na mão, errando folda e sai com prejuízo mínimo mas... as ações seguiam.

Daniel no Cutoff e Rafael no Botão foldaram, eu estava no SB com meu belíssimo 64 de espadas, e como disse ali em cima, sabia que certamente os limpers iniciais dariam call no raise de Adriel, então teria que completar 1800 para jogar um pote que iria certamente passar de 12k, porém o risco aqui era que Carbonera (o limper inicial do UTG), shovasse sua stack pelo tamanho que já encontrava-se o pote, e certamente eu teria que abandonar 1800, pois não teria como pagar um shove com 64 de espadas, uma vez que era o short stack da mesa neste momento, mas preferi correr o risco.
Para minha surpresa Kleyton então no BB, acaba foldando (aqui é call any two cards filho!!!), Carbonera então para alívio geral da nação completa o call, assim como Mano e Cléber, iríamos para o flop com 13,2k no pote.

Claro que sem posição e com 64 de espadas, não havia invenção, não havia blefe jogando contra quatro vilões, era flopar um monstro algo como 66X, 53X ou flush draw, só assim poderia continuar para o turn, o plano estava traçado.

Abriu-se o flop 7, 5, 3 com duas de espadas... é brincadeira? 7, 5 e 3 com duas de espadas, eu flopo nuts e straight flush draw, continha abençoada, Adriel era o agressor pré flop, então eu não sairia donkando nesta situação, esperaria as ações dos demais, para ver quem tomava partido da agressão agora.
A mesa rodou check até Adriel, que tenderia a c-betar aqui com Ases, Reis e Damas, sem nada, optaria pelo check behind, é o que ele faz, iríamos para o turn com os mesmos 13,2 k no pote.

O turn traz um 2 de ouros, eu continuo com o nuts, e sendo o primeiro a falar, saio de lead, afinal, não adianta ter o nuts e não conseguir lucrar com isso, eu faço uma aposta para 5,5k, Carbonera e Mano optam por call, mas Cléber então anuncia All In, Adriel acaba foldando sem sabermos o que ele carregava, assim ficamos sem entender o que pensou quando fez aquele raise pré flop, a ação voltava a mim.

Com as ações acontecidas no turn, o pote passou de 13,2 k, para mais de 55k e eu tinha algo em torno de 11 a 12k de sobra, com o nuts era um call fácil, e o melhor que certamente nem Mano e nem Carbonera foldariam, então sairíamos do turn direto pro showdown com 4 quatro jogadores em All In  e um pote com 4 stacks inteiras na mesa, que beleza!!!

No showdown Cléber e Carbonera apresentam A4 off, ambos com a sequência baixa, Eu tenho 64 de espadas o Nuts com a sequência alta, Mano tem 86, fica com uma certa desolação ao ver que 3 de seus 8 outs estão nas mãos dos vilões, assim torcia muito para que o ríver trouxesse um dos quatro 9s ou o último 4 restante.

Para minha alegria no ríver dobra o 5, eu fico com o pote gigantesco, Cléber e Carbonera dividem o segundo pote e Mano encaminha-se para o rebuy, ação que acabara repetindo outras vezes neste fim de semana.

Imagem Ilustrativa
Mano, justificou o call turn pelo pote (tinha odds para isso) com as duas pontas (8 outs) para sequencia alta era justo, para sua tristeza não pode contar com 3 deles, e acabou ficando em maus lençóis e sem stack, só escaparia se tivesse foldado antes de dar o call de 5,5k, mas com as duas pontas era difícil largar.
Cléber e Carbonera com sequências também não poderiam fazer algo diferente, eu conseguia então quintuplicar a minha stack, começando a mão como short e terminando-a como chip leader absoluto do torneio, na mão seguinte a essa ainda recebo um KK que consigo capturar o que sobrou da stacks de Cléber e Carbonera, e assim encaminhava a cravada do evento 48, que acabou se concretizando no fim do dia.

Final feliz para o cronista, mas as perguntas continuam.
O que Adriel tinha em mãos e o que ele pensava quando fez um mini raise contra três limpers à sua direita?
E Carbonera, deveria ou não ter shovado seu A4 pré flop?

Kleyton sabe-se lá com que não deveria ter completado 1200 pra jogar um pote que seria de 14,4k?
E a minha jogada? Será que foi correto dar este call com 64 de espadas fora de posição, estando short stack para jogar um flopa ou foge???

A vida segue e o baralho continua castigando.


Um abraço e até a próxima.

Um comentário:

  1. Parabéns pela analise ai e pelo texto, show de bola! Particularmente acho que mesmo nosso evento sendo recreativo o amigo deveria voltar a escrever semanalmente pois alem de divertido ainda serve como base de estudo e analise para todos.
    Um forte abraço
    Luciano Coelho

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