Fabiano (Trinca de K) X Kassiano (Pares A e K)
Certo dia a lenda Doyle Brunson
disse que preferia jogar um AK, ao AA ou KK, questionado o porque disso, uma
vez que AK é uma mão inferior as outras duas, citou que, quando você vence com
AK, seu lucro é tão grande quanto com AA e KK, porém, quando você está batido,
é uma mão com a qual você consegue minimizar os prejuízos, desligando-se
facilmente dela, diferentemente das outras duas.
Adriel do UTG folda, e Kassiano
do Hi-Jack abre para 3 BB´s (1500), Mano na sequencia também não resolve investir na sua mão fraca, e agora
estou eu na ação, recebo um KQ de copas no botão, opto por call, pois a minha estratégia
para a mão é jogar a posição, para minha
surpresa, Daniel pela primeira vez nas últimas 257 mãos que jogara nos blinds
resolve foldar, e Kleyton faz o mesmo do BB, assim iríamos para um flop
heads-up com KQ, em posição, um cenário bem agradável.
O flop então nos presenteia com
K/ 6/ 5, arco-íris, definitivamente um ótimo flop para mim, eu penso que o K, é
muito mais carta de quem sai apostando do Hi-Jack, do que de quem dá call em
posição, então confio que Kassiano c-betará o flop, eu darei call novamente,
aguardando sua ação no turn, esperando que lá bata uma folha qualquer, ele
venha com check, eu dou raise e puxo pote sem muito stress.
Kassiano como era esperado c-beta
o flop (2500), jogada padrão, eu dou um flat call e vamos para o turn, o pote a
essa altura já está bem atrativo, lembrando que esta era a primeira mão que eu
estava jogando, pois cheguei atrasado para o evento, minha stack no início da
mão era de aproximadamente 25k, acredito que Kassiano também tivesse algo
parecido na sua.
Vem o turn, e com ele aparece
mais um K, e agora as coisas mudam de figura, porque, mesmo estando num blefe
com AJ, AQ, QJ, algo assim, Kassiano terá que largar uma second barrel neste turn,
pela lógica, se ele aposta um K no flop, terá que apostar com mais um K no
turn, ele vir com check nesta situação era praticamente abrir mão do pote, como
diz Daniel Negreanu, o blefe é como contar uma mentira, e pra que ela passe por
verdade, você terá que conta-la direito.
Kassiano aplica então um second
barrel para 4000, tudo dentro da normalidade, era o que eu imaginava que ele
faria, eu agora trincado penso em dar uma 3-bet, porém, vejo que dificilmente
ele me pagará estando num blefe, e certamente, sem ter pego nada, terá que
fazer uma nova aposta no ríver, pois não terá como ganhar a mão dando check,
então opto novamente pelo call.
O ríver é quase uma blanck, um 2
de ouros, que conecta um improvável 3 4, definitivamente, não é esta carta que
irá mudar algo no andamento das coisas, agora vem aquela situação que eu tenho
batido na tecla nos últimos textos, as apostas no ríver.
Eu, numa opinião muito
particular, acho que no ríver você deve apostar em duas situações:
- Quando está totalmente num
blefe sabendo que está perdendo, e não terá outra maneira de vencer a mão a não
ser expulsando seu oponente do pote.
- Ou quando da sua leitura, está
com muita convicção de que está na frente e sabe que será pago por uma mão
pior, ou seja, apostando por extração de valor.
Bem, sinceramente, ao longo de
toda mão, não consegui fazer uma leitura exata do que Kassiano tinha, o que
acredito que ele deva ter algo de valor, para abrir raise PF numa posição
desfavorável, algo com AJ, AQ, A10, pares 99 à AA, não acredito que tenha pego
o 5, 6 ou o 2, a não ser que tenha trincado, e aí, eu estarei numa situação bem
difícil, pois estarei perdendo, ele pode ter pego os reis também com AK, ou KJ,
mas, seria um senhor castigo do baralho, dar um rei pra cada um e dois pro
bordo, então não quero acreditar que ele tenha este rei.
Kassiano faz uma nova aposta no
ríver (5000), pensando que no pote já havia algo como 20k e uma aposta, que nem
é tão alta, eu tendo a pensar, que é uma aposta por valor, para extração, e
começo a descartar da sua mão algo como os blefes totais, AQ, AJ e outras mãos
fortes pré flop que não pegaram nada.
Na verdade, já começo a temer que
ela possa estar com 55/ 66, ou um fatídico AK, e talvez aí, eu cometa o meu
erro na mão, alguém vá achar, que já cometi um erro quando não optei por uma
3-bet no turn, então eu opto por novo call, morrendo de medo de ver algo que
não quero, que seriam uma das três mãos citadas acima.
No showdown, eu apresento meu KQ,
e então Kassiano, joga seus ases na mesa, e eu sinceramente não sei se estou
feliz por ter vencido um grande pote, ou triste, porque se tivesse convicção de
que ele tinha AA, eu poderia ter extraído mais 3-betando turn ou ríver.
Aí vem o porque da citação lá do
começo, o AA, é como investir na bolsa de valores (embora não entenda nada de
bolsas), quando você o recebe, você não apenas está pensando em ganhar o pote,
mas sim, em dobrar sua stack, porém quando algo dá errado, é a sua stack que
sofrerá as consequências sendo fortemente afetada, pois de fato, é muito
difícil sentir-se batido com esta mão.
Eu li alguns livros de poker, e
em praticamente todos, existe uma frase que é uma espécie de mantra dos
jogadores profissionais: “Maximizar lucros quando está com a mão vencedora, e
minimizar prejuízos quando se está com a perdedora”, isso na teoria é lindo,
mas como vimos na prática, é muito difícil executar, pois tanto Kassiano
poderia ter minimizado prejuízo evitando uma aposta (principalmente a do
ríver), como eu poderia ter maximizado meu lucro, 3-betando ou até mesmo
shovando, pois certamente receberia call.
A vida segue e o baralho continua
castigando.
Um abraço e até a próxima.

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