Márcio (Quadra de 7) X Cléber (Full House 79)
É possível vencer um torneio SAP, com direito a mão Unforgetabble, fazer seu irmão cometer a maior bizarrice da história do poker mundial e eternizar sua “mão da sorte” em um único dia? Sim, é possível, não só é como aconteceu, por isso 06 de julho de 2013, ficará para sempre lembrado na memória de todos como “the decano´s day´s”, o dia em que Márcio “Decano” David, jogou um poker chique, e ganhou mais uma data para comemorar anualmente além de seu aniversário.
Coffe Jar, e Daniel (UTG e
UTG+1), foldam, Cléber no Hi Jack entra de limp na intenção de especular o
flop, Carbonera e Kassiano assim como os dois primeiros não investem nada no
pote, eu estou na Small Blind e com tão pouca concorrência, penso em dar raise
com meu (Q9), mas acabo mesmo optando pelo limp, o que faz com que Mano no Big
Blind, veja o flop gratuitamente, e agora repessando tudo, talvez um raise de
minha parte, teria feito com que Mano foldasse e a UH deste torneio não
acontecesse, mas, o talvez não joga e viríamos um flop que trouxe (7/ 7/ 9),
com duas cartas de copas.
Eu de cara acerto o top par e
tenho a dama pra kicker, (como era o primeiro a agir) entro com raise de um
pote (algo em torno de 300 fichas), porém, quase que instantaneamente recebo um
re-raise de Márcio que triplica a minha aposta (o que chamamos informalmente de
pedalada), Cléber chama call e agora eu, que pensava que puxaria fácil o pote
com meu top par, vejo que minha mão não era forte o suficiente para enfrentar meus
adversários.
No meu pensamento, um dos dois
(mais possivelmente Mano) tivesse acertado o 7, e Cléber poderia ter duas
folhas de copas, eu acho propício largar o meu top par, pensando que para
passar a trinca de 7 (caso minha leitura estivesse correta) eu precisaria de
mais um 9, ou duas damas, o que achava pouquíssimo provável acontecer no
turn/ríver, acabo por foldar minha mão e assim víamos a abertura do turn.
O turn bate com o 6 de paus,
abrindo draw para uma sequência, Márcio segue com sua C-bet, e Cléber com seus “instas
calls”, certamente teríamos duas grandes mãos apresentadas no showdown, a
partir deste momento, é um caminho sem volta, nenhum dos dois largará mais o
que tem, e certamente pela monta do pote, teríamos no fim um colega muito feliz
e outro muito triste/eliminado.
Vem o ríver que traz outro 7,
agora são três dos quatro 7 possíveis no board, e juntamente com ele vem o
movimento All In de Márcio, e como eu havia dito antes, o compromisso de ambos
com o pote já estava selado, seja lá o que tivessem em suas mãos, para Cléber,
dar call nesta ação e sair derrotado, custaria sua eliminação no torneio,
porém, aquela altura 85% de sua stack já estava no pote, não havia muita coisa
diferente à se fazer naquela ocasião, era o call e então seguíamos para o
Showdown.
No showdown Márcio apresenta um
(74), e isso explica o porque não esboçou uma defesa a sua big blind no pré
flop, fechava a quadra histórica no ríver, Cléber vê por de trás de seus óculos,
incrédulo, a mão de seu adversário, apresenta seu (Q9), um full house amargo,
que certamente ecoará por anos em seus pensamentos, o que me fez lembrar agora,
de um dos teoremas do poker (eu gosto dos teoremas do poker), que diz: “ninguém
é capaz de largar um full house”.
Quadra de 7 - Decano x FulHouse Q9 - BigEar |
Quadra de 10 - CoffeeJar |
Esta UH é certamente uma jogada épica e duma sensibilidade ímpar de Márcio “Decano”, quando vi aquele (74) em sua mão, lembrei-me duma passagem que tivemos jogando um torneio online, onde estávamos em dupla, trocando ideias para tentarmos as melhores ações (o que acabou infelizmente não logrando muito êxito, até porque pensamos o jogo de forma bem diferente), mas, como dizia, nesta passagem ele recebeu um (74 off), idêntico a este, e com um raise antes da sua decisão, ficou por um bom tempo pensando em dar call, eu não conseguia ver lógica naquilo, um (74) enfrentar raise e disse: “O que você está fazendo que não ainda não largou essa b****”, ele respondeu “eu gosto dessa mão”, porém (muito a contra gosto, fica-se de passagem), ele me ouviu e largou, mas, agora, com tudo isto que aconteceu nesta tarde de sábado, vejo que dei a dica errada, o (74) é a mão de sua estima, pela qual tem um apreço diferenciado, e acho justo, depois de tal façanha conquistada, que a partir de hoje, eternizemos o (74) como “Decano´s Hand´s”, esta mão terá duas classes, o “Decano´s Generics que será o 74 suíted”, e o “Decano´s Legitimate, o 74 off, esse que é o bom”.
Quanto a bizarrice citada lá em cima, quero defender-me em dizer que seria o fold mais acertado e lindo da história do SAP, um fold que certamente Daniel Negreanu assinaria, porém, mesmo com a jogada já encerrada, resolvemos com o aceite de todos ver o que traria aquele board (até porque seria um grande confronto entre o AA de Mano x meu JJ), e em sumo, o valete trincaria e eu venceria aquela mão, mas, não foi o que aconteceu e a história foi essa, o que agora com os nervos apaziguados digo, foi o correto, e a vitória deste dia histórico não poderia ficar em outras mãos, se posso dar uma sugestão, acho que não mais deveríamos ver o board quando as ações já estão definidas no pré flop, pois causa um efeito devastador na mente de quem perde a oportunidade (e acreditem tenho know how para tal afirmação).
Abraço e até a próxima.
Fabiano David
O Decano colou o 7 do ríver na testa do Big Ear???? Não lembro disso, mas explica o porque dele (o 7) não ter aparecido na foto...
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