domingo, 7 de julho de 2013

Unforgettables Hands - The Decano´s Day´s

Márcio (Quadra de 7)  X Cléber (Full House 79)


É possível vencer um torneio SAP, com direito a mão Unforgetabble, fazer seu irmão cometer a maior bizarrice da história do poker mundial e eternizar sua “mão da sorte” em um único dia? Sim, é possível, não só é como aconteceu, por isso 06 de julho de 2013, ficará para sempre lembrado na memória de todos como “the decano´s day´s”, o dia em que Márcio “Decano” David, jogou um poker chique, e ganhou mais uma data para comemorar anualmente além de seu aniversário.
Coffe Jar, e Daniel (UTG e UTG+1), foldam, Cléber no Hi Jack entra de limp na intenção de especular o flop, Carbonera e Kassiano assim como os dois primeiros não investem nada no pote, eu estou na Small Blind e com tão pouca concorrência, penso em dar raise com meu (Q9), mas acabo mesmo optando pelo limp, o que faz com que Mano no Big Blind, veja o flop gratuitamente, e agora repessando tudo, talvez um raise de minha parte, teria feito com que Mano foldasse e a UH deste torneio não acontecesse, mas, o talvez não joga e viríamos um flop que trouxe (7/ 7/ 9), com duas cartas de copas.
Eu de cara acerto o top par e tenho a dama pra kicker, (como era o primeiro a agir) entro com raise de um pote (algo em torno de 300 fichas), porém, quase que instantaneamente recebo um re-raise de Márcio que triplica a minha aposta (o que chamamos informalmente de pedalada), Cléber chama call e agora eu, que pensava que puxaria fácil o pote com meu top par, vejo que minha mão não era forte o suficiente para enfrentar meus adversários.
No meu pensamento, um dos dois (mais possivelmente Mano) tivesse acertado o 7, e Cléber poderia ter duas folhas de copas, eu acho propício largar o meu top par, pensando que para passar a trinca de 7 (caso minha leitura estivesse correta) eu precisaria de mais um 9, ou duas damas, o que achava pouquíssimo provável acontecer no turn/ríver, acabo por foldar minha mão e assim víamos a abertura do turn.
O turn bate com o 6 de paus, abrindo draw para uma sequência, Márcio segue com sua C-bet, e Cléber com seus “instas calls”, certamente teríamos duas grandes mãos apresentadas no showdown, a partir deste momento, é um caminho sem volta, nenhum dos dois largará mais o que tem, e certamente pela monta do pote, teríamos no fim um colega muito feliz e outro muito triste/eliminado.
Vem o ríver que traz outro 7, agora são três dos quatro 7 possíveis no board, e juntamente com ele vem o movimento All In de Márcio, e como eu havia dito antes, o compromisso de ambos com o pote já estava selado, seja lá o que tivessem em suas mãos, para Cléber, dar call nesta ação e sair derrotado, custaria sua eliminação no torneio, porém, aquela altura 85% de sua stack já estava no pote, não havia muita coisa diferente à se fazer naquela ocasião, era o call e então seguíamos para o Showdown.
No showdown Márcio apresenta um (74), e isso explica o porque não esboçou uma defesa a sua big blind no pré flop, fechava a quadra histórica no ríver, Cléber vê por de trás de seus óculos, incrédulo, a mão de seu adversário, apresenta seu (Q9), um full house amargo, que certamente ecoará por anos em seus pensamentos, o que me fez lembrar agora, de um dos teoremas do poker (eu gosto dos teoremas do poker), que diz: “ninguém é capaz de largar um full house”.
Quadra de 7 - Decano x FulHouse Q9 - BigEar
Naquele momento é como se Cléber fosse o pé na terceira mão, tivesse feito a primeira e possuísse o copas, quando seu oponente do lado berra TRUUUUUUUCO aos seus pequeninos ouvidos, Cléber então grita “CAIA FACÃOZEIRO”, e depois disso certamente sua testa sofrerá as consequências, Cléber prova nesta jogada, que o teorema tem fundamento, não largou seu full house (assim como ninguém corre com o copas), verdade seja dita, Márcio sem dar um único tell durante toda esta mão, dificultou muito a visualização de seus oponentes de que tinha um 7, e isso pode ter contribuído para que Cléber não largasse o full, porém na minha modesta opinião, eu concordo totalmente com o teorema, é impossível largar um full house.
Quadra de 10 - CoffeeJar
Depois disso Mano ficou com uma big stack, que lhe fez ganhar cada vez mais fichas ao longo do torneio, tanto a ponto de passar Kassiano (o líder até então) para vencer o SAP 20, Cléber recorreu ao banco e voltou para ser eliminado em outra jogada épica, quando levou uma pedalada de Coffe Jar, que munido de um “zebu´s hand´s (10 5)”, conseguiu fechar algo que ainda não consigo decifrar com clareza o que foi, uma quadra e um full house na mesma mão, num board com 10/10/10/5/2.

Esta UH é certamente uma jogada épica e duma sensibilidade ímpar de Márcio “Decano”, quando vi aquele (74) em sua mão, lembrei-me duma passagem que tivemos jogando um torneio online, onde estávamos em dupla, trocando ideias para tentarmos as melhores ações (o que acabou infelizmente não logrando muito êxito, até porque pensamos o jogo de forma bem diferente), mas, como dizia, nesta passagem ele recebeu um (74 off), idêntico a este, e com um raise antes da sua decisão, ficou por um bom tempo pensando em dar call, eu não conseguia ver lógica naquilo, um (74) enfrentar raise e disse: “O que você está fazendo que não ainda não largou essa b****”, ele respondeu “eu gosto dessa mão”, porém (muito a contra gosto, fica-se de passagem), ele me ouviu e largou, mas, agora, com tudo isto que aconteceu nesta tarde de sábado, vejo que dei a dica errada, o (74) é a mão de sua estima, pela qual tem um apreço diferenciado, e acho justo, depois de tal façanha conquistada, que a partir de hoje, eternizemos o (74) como “Decano´s Hand´s”, esta mão terá duas classes, o “Decano´s Generics que será o 74 suíted”, e o “Decano´s Legitimate, o 74 off, esse que é o bom”.

Quanto a bizarrice citada lá em cima, quero defender-me em dizer que seria o fold mais acertado e lindo da história do SAP, um fold que certamente Daniel Negreanu assinaria, porém, mesmo com a jogada já encerrada, resolvemos com o aceite de todos ver o que traria aquele board (até porque seria um grande confronto entre o AA de Mano x meu JJ), e em sumo, o valete trincaria e eu venceria aquela mão, mas, não foi o que aconteceu e a história foi essa, o que agora com os nervos apaziguados digo, foi o correto, e a vitória deste dia histórico não poderia ficar em outras mãos, se posso dar uma sugestão, acho que não mais deveríamos ver o board quando as ações já estão definidas no pré flop, pois causa um efeito devastador na mente de quem perde a oportunidade (e acreditem tenho know how para tal afirmação).
Abraço e até a próxima.

Fabiano David

Um comentário:

  1. O Decano colou o 7 do ríver na testa do Big Ear???? Não lembro disso, mas explica o porque dele (o 7) não ter aparecido na foto...

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