segunda-feira, 1 de julho de 2013

Unforgettables Hands - A Mão Fórmula 1 - Ímola 1985

Dan (Sequência de K a 9)  X Cléber (Trinca 10) e Fabiano (Par A)


Vamos metaforizar a UH do SAP 19, com uma corrida de Fórmula 1, acontecida em 1985, circuito de Ímola, GP de San Marino.

Naquela ocasião A. Senna (Fabiano e seu AA) largou na pole e liderou a corrida de ponta a ponta até a volta 56 (eram 60), quando seu Lotus ficara pelo caminho sem combustível, para delírio dos Tiffosis ali presentes, S. Johansson (Cleber e seu A10 de espadas) assumia então a liderança do GP com sua Ferrari, para na volta seguinte, também abandonar a prova por falta de combustível, a vitória caia no colo de A. Prost e sua Mclaren (mais tarde Prost seria desclassificado e perderia a vitória, mas isso não aconteceu no SAP 19, não havia nada de ilícito no Q7 de Dan).

Última rodada do SAP 19 e eu já imaginava como escreveria o texto sobre o Straight Flush (primeiro da história do SAP) conseguido por Dan, na rodada anterior, que culminou numa grande vitória sobre Tio Lu com sequência e Kassiano com par, porém, recebo a primeira carta do dealer (Kassiano) e vejo um Ás, penso “teremos que jogar a última mão”, e ao receber a segunda carta, outro Ás, penso “podemos quem sabe ganhar o torneio, ou chegar bem perto disso”, e começo a mentalizar qual a melhor forma de extrair o máximo de fichas possíveis de meus oponentes com aquele monstrengo.

De Tio Lu a Dan, passando por Cléber e Kassiano, todos entram de limp, e eu no big blind com (AA) penso nos ensinamentos de mestre Akkari que dizem “os limpers teêm que arderem no fogo do inferno”, e então fiz isso em grande estilo, encaminhando um All In, com minha stack de mais de 11 mil fichas, Tio Lu pensara muito em chamar call, porém, imaginando que poderia por uma vitória certa ao lixo, optou por fold, Kassiano fez o mesmo, porém Cléber (no estilo do já vim até aqui...) e Dan no (não aconteceu muita coisa hoje mesmo e minha stack é bem pequena, então se perder não perderei muito), chamam por call, fim das ações e showdown pré flop.

Quando mostro o (AA), Cléber é cara da consternação, e Dan é a cara do “não estou nem ai pro seu AA”, o dealer bate o flop, que traz (9/ 10/ J).
Esse é o flop que arrepia qualquer um que tem um (AA), Cléber bate o par no 10, e com a dama, Dan tem sequência pras duas pontas (8 outs – os reis e os oitos), ali, ao ver aquele flop, eu já visualizava de que o Lotus iria ficar sem gasolina, e meu (AA) que tinha status de “big monster” no pré flop, certamente chegaria com status “lixo” no pós river.

O turn dobra o 10, e dá a trinca para Cléber, o Lotus já vai engazopando para a área de pit, eu vou para o ríver com um único Out, ele aparecer, seria o mesmo que um tiffosi ensandecido descer da arquibancada com um garrafão desses de vinho barato, com gasolina até a boca, abastecer o carro de Senna, ele voltar para a prova, passar Johansson com a Ferrari em Ímola, num autódromo chamado Dino e Enzo Ferrari, e vencer a prova, ou seja, esquece sócio.

Fabiano (AA)  x Cléber (A10)  x Daniel (Q7)

Quando viu aquele 10 no turn, Cléber vibrara muito, apenas 9 cartas lhe tirariam a vitória agora (os reis, oitos e o Ás) estivesse num Fórmula 1, é como se abrindo a última volta já fosse acenando para o público, quando de repente, sua Ferrari, também começa a engazopar, era o river que se aproximava, trazendo um rei (K), a Ferrari também ficava pelo caminho, Dan Alain Marie Prost Antunes com seu (Q7) em forma de Mclaren recebe a quadriculada antes de todos e vence a mão derradeira do SAP 19, salta de sexto para segundo na classificação do torneio, e na briga pelo TKP praticamente empata na liderança.

Daniel (2 5 - Straigth Flush 2 a 6 ouros) x
Luciano (K 5 - Sequencia 2 a 6) x
Kassiano (4 8 - Par de 4)
Após isso o straight flush, quase não foi lembrado, seria interessante analisarmos essa mão também, pois esta mostra que o poker não é feito somente de ases, reis e damas, nossos amigos apresentaram no showdown (25)/ (48)/ (K5), e com essas mãos tivemos uma das maiores jogadas da história do torneio, este que passou morno durante toda a tarde teve na sua última meia hora de fortes emoções para todos os integrantes, por fim, verdade seja dita, se eu conseguisse a segunda colocação no sábado seria uma das maiores injustiças que o poker poderia ter cometido, pois em 3:30 hs de jogo, consegui puxar dois potes, sendo um deles num movimento All In desesperado onde venci com A no kicker, mas, dizem que o poker possui 12% de um fator chamado sorte, e certamente a parte que me cabe, não estava comigo naquela tarde.

O teorema fundamental do poker diz que: “Se você tivesse como saber as cartas de seus adversários e tomasse as suas decisões diferentemente da forma que tomou, é sinal de que você jogou errado”, e penso que mesmo se soubesse o que Dan e Cléber tinham, faria tudo da mesma forma, acredito que muita gente faria igual, menos o Nário, ele com seu poder de visualização interplanetário, flecha, uga uga, teria "foldado" o (AA) no pré flop.

Talvez o mais divertido desse jogo seja exatamente o improvável, não existe verdade absoluta, todos sabemos que o (AA) é a melhor mão do jogo e o que isso quer dizer? Nada em absoluto, no board que se apresentou ele foi incapaz de vencer um (Q7 off), e o jogo é assim, e continuará nos trazendo histórias de alegrias para uns e tristezas para outros.
Um abraço e até a próxima.

Fabiano David

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